COMUNICADO DE IMPRENSA
PARA DISTRIBUIÇÃO IMEDIATA
O Regresso dos Leopardos ao
Parque Nacional da Gorongosa
Terça-feira, 3 de Abril de 2018
Moçambique, África – O Parque Nacional da
Gorongosa é a principal área natural de Moçambique. O Parque é o coração de uma
região onde o Governo de Moçambique e a Fundação Carr se associaram num plano
de longo prazo para trazer de volta à vida um vasto e diversificado ecossistema
natural. Os programas do Parque também beneficiam as comunidades humanas
vizinhas - uma visão para uma área onde as necessidades da natureza e das
pessoas se pretendem equilibradas.
Hoje,
muitas espécies no Parque voltaram em força. A uma curta distância de carro do
alojamento principal em Chitengo, podemos encontrar manadas de impalas, inhalas,
cudos, inhacosos (pivas) e elefantes. Estes herbívoros são as espécies
fundamentais sobre as quais um ecossistema em recuperação se baseia, e o que se
pode esperar é que depois venham os seus predadores naturais. O retorno de
grandes carnívoros - leões, leopardos, hienas e cães pintados (mabecos) – seria
um forte indicador do equilíbrio ecológico e de um ecossistema saudável.
Misteriosamente,
no entanto, apesar de uma população de leões em recuperação, presas abundantes
e habitat adequado, por mais de uma década, o felino mais esquivo de África - o
leopardo - mostrou poucos sinais de existir no Parque. Nem um único leopardo
havia sido avistado por qualquer fiscal, guia de safaris, câmara remota ou
expedição científica desde 2008.
Mas eis
que o inesperado aconteceu.
Imagem cedida por Zander Beetge
a quem desde já agradecemos
No dia 29
de Março de 2018, a apenas 20 minutos do alojamento principal do Parque em
Chitengo, o guia Leonardo Felix Mandevo do Parque Nacional da Gorongosa
regressava ao acampamento ao fim do dia, quando apontou o holofote através de
uma moita de palmeiras e o foco de luz mostrou um leopardo macho. O leopardo
atravessou calmamente a picada em frente a um grupo de turistas incrédulos
(Zander Beetge, Marlina Moreno e Tero Makinen) e de guias (Leonardo Mandevo e
Richard Lusinga). Naquele único lampejo de luz, foi feita história e uma
espécie que não era vista por ninguém no Parque há mais de uma década estava
oficialmente de volta ao mapa.
"Ver
é crer. A Gorongosa é saudável. A minha alegria duplicou quando vi a felicidade
dos nossos guias Moçambicanos que viram o leopardo. Este ecossistema é a sua
herança cultural e biológica”, disse Greg Carr, que co-gestiona o Projecto da Gorongosa
desde 2008.
Mandevo
foi o primeiro a identificar o leopardo. Ele nasceu na Vila da Gorongosa, e
co-lidera safaris no Parque diariamente para um crescente mercado de turistas
que visitam a Gorongosa. “É uma grande honra ter visto o leopardo. Estou aqui
há três anos e estamos sempre a tentar encontrar um. Quando finalmente consegui,
quase não acreditei nos meus olhos. Estou muito feliz!”, disse Mandevo.
Os grandes felinos sobrevivem hoje em áreas
protegidas da África por causa do trabalho dedicado dos fiscais locais para
proteger os seus habitats. As missões e patrulhas da equipa treinada do Parque,
composta por 230 fiscais - todos Moçambicanos - produziram, em termos inequívocos,
resultados tangíveis. Equipas de fiscais patrulham o Parque diligentemente, 365
dias por ano, cobrindo milhares de quilómetros enquanto percorrem uma natureza selvagem
que poucas pessoas experimentaram na sua plenitude. O seu trabalho levou a um
declínio de 94% em leões apanhados em armadilhas no Parque e de 60% no declínio
na pressão da caça furtiva, em apenas dois anos.
O Dr. Rui Branco, Chefe da Fiscalização do
Parque, que supervisiona os fiscais, comentou: “Conhecendo os altos riscos para
a recuperação dos leopardos, focámo-nos intensivamente na garantia de um
corredor chave ao longo da fronteira leste do Parque que é adjacente a vastas
concessões florestais às quais se segue a Reserva do Marromeu. Sabemos que
populações remanescentes ainda existem lá. Este corredor é crítico para a
sobrevivência dos leopardos nesta região. Hoje temos uma prova viva de porque é
que este trabalho é importante.”
Nas próximas semanas, os fiscais e a equipa
de monitoramento dos grandes felinos continuarão a seguir a pista do leopardo
para tentar entender mais sobre aonde ele está a movimentar-se e se ele está
com outros leopardos nesta área. "Quando alguém chega, o mais provável é que
surjam mais", disse Paola Bouley, directora-adjunta da equipa de
recuperação de carnívoros apoiada pela “Big Cat Initiative” da National
Geographic. “Este é um macho em óptima forma. Jovens machos como este são os
exploradores que vão sempre mais longe à medida que buscam novos territórios e
companheiras, forçando os limites. As pessoas sempre nos têm perguntado se
temos leopardos no Parque, bem, finalmente podemos dizer: sim, temos!".
Mais informações: Os ecossistemas em todo o planeta
evoluíram para acomodar populações saudáveis de presas, bem como as principais
espécies de carnívoros que dependem delas para a sua sobrevivência.
Infelizmente, muitas populações de grandes carnívoros sofreram declínios em
grande escala: perda de habitat e perda de presas; comércio ilegal crescente de
partes do corpo, devido à procura para usos tradicionais e pelos mercados
orientais; e, também conflito com os seres humanos e os seus animais domésticos.
Em reconhecimento pelo seu futuro ameaçado, em 2016, os EUA listaram o leão
africano no Acto de Espécies Ameaçadas. Pouco tempo depois, os cientistas
demonstraram que os leopardos logo seguirão o mesmo caminho se a sua protecção não
for fortalecida. Mesmo uma espécie tão tenaz, esquiva e adaptável a ambientes
dominados por seres humanos como o leopardo simplesmente não está mais em segurança.
Em lugares remotos da África selvagem -
como o centro de Moçambique - algumas dessas espécies persistem. Elas têm uma
forte probabilidade de sobrevivência se forem o foco de intensos esforços de
recuperação, como o programa da Gorongosa. O Projecto da Gorongosa assinou
recentemente parcerias estratégicas com proprietários de terras adjacentes ao
Parque para preservar e proteger os principais corredores de fauna bravia e
para assegurar que paisagens grandes e conectadas façam parte do futuro desta
região.
Sobre o Parque Nacional da Gorongosa e o
Projecto da Gorongosa
O Parque Nacional da Gorongosa é o principal parque
nacional de vida selvagem de Moçambique, localizado na extremidade sul do
Grande Vale do Rift do Leste Africano. É o lar de alguns dos ecossistemas
biologicamente mais ricos e geologicamente mais diversos do continente
africano. As suas fronteiras abrangem as grutas e desfiladeiros do planalto de
Cheringoma, as vastas savanas do Vale do Rift, e a preciosa floresta tropical
da Serra da Gorongosa.
O
Projecto da Gorongosa integra a conservação e o desenvolvimento humano com a
compreensão de que um ecossistema saudável beneficiará os seres humanos, que
por sua vez serão motivados a apoiar os objectivos do Parque da Gorongosa.
Para mais
informações:
Se desejar receber mais informações sobre este assunto,
por favor ligue para Vasco Galante através de +258 822970010 ou envie email
para vasco@gorongosa.net.
Para informações de carácter genérico, por favor consulte
www.gorongosa.org